Pobre
Matriz Rica

Pode-se dizer que, dos monumentos campineiros, a Basílica é o
mais campineiro. O prédio apresenta estilo eclético ou, mais
precisamente, neogótico. Na pia batismal, no centro do
batistério, à esquerda de quem entra pela porta principal,
receberam a água lustral importantes nomes conhecidos na
história da cidade: Carlos Gomes, Júlio de Mesquita, Francisco
Glicério, Campos Salles, Dr. Quirino, D. Nery e D. Barreto,
entre outros.
Além do valor arquitetônico do edifício, com suas duas torres
altaneiras, a igreja guarda os despojos de Barreto Leme, ali
sepultado em 13 de abril de 1782, sob a segunda coluna, à
direita para quem entra pela porta principal da Basílica.
Também
à direita de quem entra, está situada a Porta Santa, mandada
construir por Monsenhor Geraldo Azevêdo, para comemorar os 2000
anos do nascimento de Jesus Cristo, durante as comemorações do
Jubileu. A porta ostenta o escudo papal em bronze.
Freqüentemente pode-se assistir a algum concerto na Basílica,
principalmente de órgão. A Basílica possui um órgão complexo e
valioso, instalado em 1953. É um instrumento da marca Giovani
Tamburini, de dois teclados, 1335 tubos e pedaleira,
recentemente restaurado. O exemplar está entre os instrumentos
de maior recurso harmônico e melódico do interior do Estado. É
dotado de 24 timbres diferentes, os quais podem ser usados em
combinações distintas.
A Basílica e a praça Bento Quirino são o berço natal de
Campinas, marco de fundação da cidade; porém, há muitos outros
motivos para a cidade se orgulhar. Seus mármores foram
trabalhados pelo artista plástico Lélio Coluccini, um dos nomes
mais importantes da história artística da cidade.
São mármores de um colorido exuberante e sóbrio, que estão por
toda a igreja, em detalhes decorativos; porém, o altar-mor
abriga a mais bela composição de cores e ornamentos.
A imagem de N. Sra. do Carmo, feita em madeira, em bloco único,
no final do século XIX, está centralizada no altar-mor. Feita em
Barcelona, Espanha, em 1871, foi entronizada por Mons. Ribas D’Avila,
em 1904.
Num dos altares laterais, encontra-se a imagem de Nossa Senhora
dos Remédios, ali colocada pelo pároco da época, cumprindo
promessa feita para livrar Campinas da epidemia de febre
amarela, que devastava a cidade no início do século passado.
Os belíssimos vitrais são da Casa Conrado, representação
paulistana de uma conhecida empresa alemã. Foram feitos em
técnica de Grisaille, uma pintura monocromática que dá a ilusão
de relevo.
Os dois relógios, com mostruário de louça, que estão nas torres,
pertenceram à antiga cadeia pública de Campinas.
A Basílica do Carmo é uma riqueza em sua austeridade, simpatia e
história.
Assim como está hoje, no seu estilo neogótico, foi inaugurada em
16 de julho de 1940, após ser reconstruída sob os fundamentos da
matriz antiga de taipa de pilão. O projeto da igreja previa uma
construção mais alta, em legítimo estilo gótico, mas a crise do
café durante a construção minguaram os recursos, abaixando a
altura da construção.
A Basílica mede 18,50 m de frente e 52,20 m de fundo. A nave
central mede 9 m e cada uma das naves laterais 4,5 m. Para a
maioria dos campineiros, a Basílica do Carmo é um marco
histórico e religioso, um santuário por excelência.
Fonte: Jornal Correio Popular (Revista Metrópole) - 28/05/2000
Jornalista: Suzamara Santos
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